Lista de presentes até o final de ano

Brasileiro adora uma lista. Para fazer compras no supermercado, precisa fazer lista. No início do ano há aquela lista básica de materiais escolares, lista de exercícios para casa, lista de ex-namorados, lista de chamda de classe, lista lista lista… Essa semana tomei nota (um pouco mais) sobre uma lista atraente para meus ouvidos: “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer“.

Este livro entrou para minha wishlist secreta há mais de duas semanas e dentre os quatro livros que almejo, este é o que mais me interessou – porque música é algo que todos deveriam gostar, não é verdade?

Minha playlist mudou muito essa semana, pende para um lado minimal e experimental – mas não dispenso o que venho escutando há um tempo. O interessante disto é que estou no caminho das recomendações do livro e que minhas bandas favoritas estão em dobro nesta listinha mais do que humilde.

Então você, pessoa sensata, tome nota da minha wishlist não mais secreta de livros e fica a dica que ficarei de sorriso amarelo escancarado se algum destes itens pular no meu colo:

O Lobo da Estepe, Hermann Hesse
Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago
Nunca Subestime Uma Mulherzinha, Fernanda Takai
1001 Discos para ouvir antes de morrer, Robert Dimery

Outra dica é que você pode ouvir os discos mencionados no livro através deste link.

Sunshine:

Pise com veracidade nas coisas duvidosas. Abrace uma causa somente sua. Tenha vozes, tenha manias, tenha particularidades. Veja pelo buraco da fechadura quando não tiver chaves e nunca perca um episódio inédito da sua série favorita. Veja pessoas importantes, feche a janela, abra as janelas. Acostume-se a inovar sempre, saia de sua mesmice. Ouça música, veja filmes, transe deliciosamente. Abra os braços, deixe a leveza tomar conta dos teus poros pela manhã. Comece um dia pisando com o pé direito e viva toda a forma de beleza existente em você.

Estou positivamente do lado de cá dos trilhos, você me vê? Ansioso, medroso, livre e incompleto com minhas expectativas, mudanças e destino.

Você faz meu coração doer tanto. Fico na dúvida de onde pisar, quando você resolve ser o meu guia. Suas palavras, na maioria das vezes, deslizaram como ácido no meu coração. E veja só, quem está indo embora arrependido é você.

Conheço teu dom desde o berço e cresci presenciando um carma, agora bem nítido, hoje bem dolorido. Conseguiria ser verdadeiro por completo? Te daria todas as chances do mundo, porque você ocupa um espaço bem grande na minha vida, mas esta decisão não é somente minha e tome cuidado com as portas de vidro. Desculpe por ser rude naquele momento. Eu te amo muito, pai. E você, me ama também?

Hoje

Belo é o teu nome do meio. Sua cor favorita é a luz do dia. Seu ponto fraco é o coração. Não me importa quantas pessoas já atravesseram a avenida, agora é a minha vez de atravessar. Gosto de pessoas positivas, apesar de nem sempre ser o mesmo. Gosto de dias nublados, daqueles mistificados onde ficamos horas e horas contemplando o frio. Quando não há café, não há cigarros. Prefiro Carlos Drummond de Andrade, mas repudio essa idéia de dar as mãos e estou procurando minha paz de espírito: daquelas que não existem, não sentem, não vê. Caminho sobre o sol e debaixo dele há um pescoço, agarro firmemente e sinto minhas mãos queimarem. Uma dor satisfatória, fúnebre. Detesto flores, mas é etiqueta e não dispenso felicidade mais simples do que esta. Penso em Caetano, mas ele é o meu oposto e minha admiração dobra em sua poesia. Canto músicas francesas na língua errada, talvez uma mistura de alemão e inglês dos bem clichês: my heart will go on. Sua alergia é um dos meus prazeres e vamos andar bem juntinhos afim de nos conhecermos melhor, porque hoje não serei eu mesmo.

Hoje mora em mim o mesmo monstro. Mas já combinei com ele, “é hora de morfar”.

Frase final de Epifania.

Para ouvir: The Dull Flame Of Desire – Björk & Anthony Hegarty

Alanis rocks again

Lembro que em meados de mil novecentos e-Dercy-Gonçalves atrás escutava Alanis pela primeira vez criando uma harmonia maravilhosa em You Learn, desde então passou a ser a trilha da minha vida. Hoje me perguntam porque ainda gosto de Alanis Morissette depois de tantas mudanças, e a resposta é simples: Eu amo tudo o que ela faz. Presenciei sua vitória em Jagged Little Pill, sua fase espiritual em Supposed Former Infatuation Junkie e coloquei Under Rug Swept no repeat por causa de amores mal sucedidos e aceitei as merdas na época de So-Called Chaos e devido a isto insisto, há muito amor! Hoje essa sensação de abandono e de velharias foi trocada por 11 canções inéditas que até então escuto desde o segundo depois de ter vazado na internet.

Citizen Of The Planet me lembrou bem uma parte de Jagged Little Pill, aquela voz debochada, escrachada e agora com um tom mais pesado e eletrônico. Ainda sim, digo que Versions Of Violence deveria abrir o disco devido à potência do refrão e carga que essa música carrega em quem está ouvindo atento. Straitjacket deveria ser uma música bem fuleira (no bom sentido), o nome transparecia algo meio junkie das antigas, mas superou e muito – uma das melhores, na minha opinião.

Desde que Tapes apareceu na versão ao vivo achava que seria uma dessas canções poderosas de arrasar quarteirões. Sem dúvida a versão de estúdio é maravilhosa e foi a primeira canção que procurei ouvir quando o album apareceu.

Gosto de música boa. Alanis está muito longe de ser tão boa quanto Tori Amos. Creio que é por isto que gosto tanto. Se ela pendesse para o lado de Amos, não teria graça escutar as músicas da outra.

Então eu vou botar Flavors Of Entanglement no repeat agora e lembrar da primeira vez que Alanis apareceu na minha vida, como se fosse hoje.

Soltando verbos

O problema das pessoas é a liberdade. O desejo de contar algo, pedir um favor, falar segredos e algumas verdades que nunca poderiam ser expelidas. O problema de conhecer alguém é a limitação dos corpos, porque se você não tem habilidade para transformar um clima de nervosismo em um banquete relaxado e servido à vontade, você continuará preso em dobro nesta sensação incômoda. A vantagem de ter alguma liberdade é que você pode encostar na pessoa sem receber reprovação, porque a sua cara de pau vai além e você consegue fazer a outra sentir sua liberdade e conseqüentemente prazer. É desnecessário os limites, mas também é delicioso sentir-se dominado pela presença de alguém. Só pela presença no começo, porque depois você mostra a sua liberdade – se você souber usá-la, claro.

O segundo problema em conhecer alguém são as intenções. Existem várias, múltiplas intenções que vão de posições bem treinadas de kama sutra ou até aquelas mais delicadas em que sentimos o coração do outro bater tão forte que dá vontade de encostar bem perto para ficar escutando. O desejo é este: conhecer alguém. Depois que você conhece alguém, selecione o que lhe agrada e o que supostamente iria detestar quando estiver beirando os 40 anos de idade junto com ela, sempre junto.

O ruim é que a maioria das pessoas erram também, porque insistem em acreditar que o amor é capaz de superar qualquer defeito e qualquer mancada (eu sei, existem as excessões). O certo é que não vai existir alguém que se encaixe nos moldes, que seja recíproco ao extremo se não acreditarmos que a liberdade que possuímos, precisa ser colocada em prática e que os limites… ah, os limites? Anule-os! afinal, para que são necessários?

You gave me love for free!

Eu meço as palavras. Palavras que serão expelidas de forma doce e gentil. Uma caneta bic e idéias ao som de uma música nostálgica. Traço um parágrafo qualquer e a criatividade risca as primeiras vogais. Eu gostaria de ser bonito todos os dias na sua vida, arriscar também um pedido de abraço e quem sabe mais tarde, cobrir por completo esta solidão da criatividade que pensei outrora. E se não souber ser bom, vou ser cuidadoso.

Ou então: o texto fica incompleto e insisto em dizer que há muito mais de mim em você e vice-versa. Candy, Candy, Candy, I can’t let you go: all my life you’re haunting me, I loved you so.

Até o sol raiá

Sinceramente, eu não desejo um estilo de vida comum. Andei pensando e cheguei a conclusão que fazer o mesmo é burrice. Concordamos que o normal de todo brasileiro assalariado é acordar cedo e ir trabalhar. Que coisa banal. Desde que o trabalho seja algo em que proporcione um prazer e uma boa renda, tudo bem. O que vejo é pessoas que apenas vivem, não fazem a diferença, se escondem por trás de algo. Meus pais são dois belos exemplos de que você precisa trabalhar-para-pagar-suas-contas e vejo isto como um pé no saco, bem no meio das bolas. Até que alguém me prove que esta seja a única solução, eu vou continuar caminhando para que tudo se encaixe nos devidos moldes que Dios me deu. Se não, eu seria alguém chato e ranzinza demais.

Eu fico pensando também: ora bolas, como vou estar daqui 10 anos? Bem casado, pai de 5 filhos e com uma esposa meia-boca que me proporciona um sexo malemá tolerável e terminar a minha vida sem nada em mãos tendo que agüentar netos a rolé em um domingo de família? Ok, deprimi. Não é tão drástico, mas eu não desejo nada disto para mim, não na parte dos 5 filhos.

O que me atrai é saber que estou caminhando para algo, acima de tudo, honesto comigo mesmo. Sem firulas com a sociedade, gostando de rock and roll (ainda) e amando até o fim da vida, até o sol raiá – porque se não, ficamos chatos e envelhecemos rapidamente. The time is now, comecei a traçar estas metas há um bom tempo atrás (e está dando certo, mais do que claro agora). Ou então eu adoto aquela filosofia de virar riponga do sítio, não hesitaria em ficar sem tomar banho e fumar um bagulho vez em quando. Talvez porque acredito que se você não está bem consigo mesmo, não vai estar bem com nada nesta vida. E mando um belo de um ‘vai tomar no cu’ para quem tentar mudar minhas idéias, eu vou arriscar, mesmo que esfole meus joelhos até aprender a viver bem.

Acho que a gente é que é feliz

Alan Bergamota

Querido Blair,

Hoje acordei com essa sensação: daquelas que me remetem às manhãs puras, de nuvens e tudo mais. O teu céu é similar ao meu – foi por isto que escrevo-te agora. Daquela semana santa em diante, muita coisa mudou e desta parte da história, vejo-me coberto de flores (lembrando aquele filme sobre Beleza Americana). Você foi tão bonito e me deu apoio em todos os momentos – saber retribuir da mesma forma seria pouco.

É fabuloso, disse: “No teu mundo, não existe pouco amor e pouca dor. É tudo exacerbado, escrachado e lindo. Se dou amor, é amor que receberá em dobro. O contrário, tristeza infinita”.

Nos vimos perdidos diante aquela multidão, mas em momento algum paramos para questionar o sentimento do outro. Te vi cair e te segurei acima, afim que não demorasse tanto para voltar aquela alegria que só os teus lábios sabem contorcer. Da mesma forma, você aceitou meus defeitos, inúmeros! amou cada um deles como se fossem teus, defeitos, filhos, discos, trilhas sonoras que inventamos nessa marca de tempo.

Vou-me embora conhecer o teu fascínio, abraçar o teu céu azulado e mineiro e dizer que és a pessoa mais livre que já vi. Um beijo em Dona Márcia e Seu Chico, outro em você.

Queria ter a carta natal do universo
E ver se entendia alguma coisa
O que espero da minha vida
O que quero da minha vida
Bom tempo
Muito tempo
Acho que a gente é que é feliz.

Para ouvir: Hoje – Renato Russo e Leila Pinheiro